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Quase dois anos após a quebra da Bolsa de Nova York, que destruiu a economia mundial logo na segunda década do século 20, o Brasil ainda andava com suas contas desestabilizadas. E, nesta bagunça, o setor cafeeiro foi fortemente atingido pela crise.

Com o intuito de elevar o preço do café no mercado internacional, que tinham caído a um terço do valor da cotação anterior a 1929, Getúlio Vargas, então presidente do país, ordenou que milhares de sacas de café fossem queimadas. Para se ter ideia, em 1930, o Brasil lucrou U$ 180 milhões com café, contra U$ 445 milhões em 1929. A decisão causou alvoroço e foi muito contrariada por alguns políticos. José Maria Whitaker, por exemplo, que hoje dá nome a uma avenida na cidade de São Paulo, foi demitido do seu cargo de ministro da Fazenda por não concordar com Vargas.

Assim, em junho de 1931, durante as comemorações da festa junina, uma fogueira foi acesa na Baixada Santista. O que não se sabia no momento, era que o fogo continuaria a queimar até o fim do ano. Estima-se que mais de 70 milhões de sacas foram queimadas ao longo dos meses. Segundo jornais da época, o cheiro de café queimado percorria os diversos municípios do litoral paulista, e só era contido pela Serra do Mar. A quantidade de café queimada, dizem os historiadores, poderia suprir o consumo mundial durante três anos.

Hoje, esse ato é lembrado como o fim da República Velha. Após isso, surgiu um novo modelo econômico no país, com foco na industrialização e investimento em setores econômicos diversificados.