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O café mais raro do mundo se chama Kopi Luwak e vem da Indonésia. Uma xícara chega a ser vendida por 80 dólares nos Estados Unidos. Apesar do preço, o local de cultivo desse café não é exatamente nobre: ele é colhido no cocô de um animalzinho chamado civeta. Os civetas são pequenos mamíferos da floresta, que lembram o cruzamento de uma raposa com um gato. “Kopi Luwak” significa “café de civeta” em indonésio.

Kopi Luwak cafe mais raro do mundo

O segredo do sabor

Há duas boas razões para buscar as sementes de café nas fezes dos bichinhos em vez de colher diretamente na planta. A primeira é que eles são muito melhores do que a gente para escolher os melhores grãos. Os civetas são especialistas em achar os grãos mais saborosos e maduros. Como bons gourmets, só comem grãos de melhor qualidade. A segunda razão é que o estômago dos bichinhos não digere as sementes de café. Ao percorrer o trato digestivo deles, as sementes absorvem alguns dos ácidos e enzimas dos civetas e ocorre uma fermentação. Isto deixa as sementes com um sabor suave e sem amargor. E que sabor! Para a cafeteria Funnel Mill, o Kopi Luwak é “provavelmente o café mais suave conhecido pela humanidade”. Ele tem “um sabor rico e pesado, com tons de caramelo e chocolate”.

Claro, reunir o excremento dos bichos, separar as sementes, lavá-las e secá-las dá muito trabalho. Daí o preço desse café, mais caro do que muitos bons vinhos ou outros produtos gourmet. A loja Dean & Deluca vende hoje em seu site o pacote de 50 gramas por 70 dólares. Faça as contas: são mais de 3400 reais o quilo!

O Kopi Luwak no mundo

Na disputa por esse mercado, quem mais sofreram foram os bichinhos. Relatos de entidade de defesa dos animais dão conta de “fazendas de civetas” no sudeste da Ásia, nas quais os criadores enjaulam os pobrezinhos e os alimentam à força com grãos de café. A polêmica levou as lojas a investigarem seus fornecedores para garantir que o Kopi Luwak delas não venha às custas do sofrimento dos civetas.

No Brasil também temos o cultivo de cafés especiais que dependem da ajuda de bichos. Um deles é o café do jacu, produzido pela primeira vez por uma fazenda no Espírito Santo. O jacu, que de bobo não tem nada, é uma ave grande que adora café. A maior parte dos cafeicultores o encara como uma praga. Mas como o civeta, o jacu entende de selecionar os melhores grãos, e também deixa um “presente” em seu excremento. Hoje, um pote de 250 gramas de grãos torrados de café de jacu pode ser encontrado por 150 reais.

E não para por aí. Da mesma fazenda capixaba que surgiu o café do jacu, vem também o café da cuíca. Ao contrário do jacu, a cuíca é um mamífero, e, com boa vontade, até se parece com o civeta lá da Ásia. A diferença é que, em vez de defecar, as cuícas cospem o café depois de morder os grãos. Pelo jeito, não é privilégio do ser humano apreciar um bom café. Melhor para nós.

E aí, o que achou de nosso artigo? Já conhecia o Kopi Luwak ou os cafés de jacu e de cuíca? Não deixe de comentar e até a próxima!